VELHO BONDE
Atrás da esquina se escondem,
os trilhos, esquecidos, de um bonde
já cobertos pelo asfalto.
Pouca gente ainda lembra
do seu jeito estrepitoso
rangendo entre as ruas do bairro,
carregando de passagem
meninos alegres, brejeiros,
ou insones passageiros
bêbados, talvez, incuráveis.
Eu, criança traquinas,
corria depressa à janela
para ver passar o bonde
que, a mim, se assemelhava
à carruagem encantada
de uma princesa, das fadas,
a conduzir os meus sonhos.