NINGUÉM
Aquele que passa,
sem bater, à minha porta,
parece que me provoca
a sair, não desistir,
e lutar contra mim mesmo.
Tem uma maneira própria
de impor o que comanda,
me vira pelo avesso,
não me diz seu endereço,
inventa mil artimanhas.
Eu não sei aonde ir,
não sei onde é o começo
desta estrada que percorro
subindo, descendo morros,
escorregando em ladeiras,
qual alegre brincadeira,
engano em que sempre incorro.
É visita passageira,
silenciosa e calada,
ninguém sabe que passou,
sequer pegadas deixou...
Perdeu-se, depressa, no nada.