FRÁGIL PRESA
Sinto-a sempre, aqui, bem perto
transparente como o vento
que faz soprar meus cabelos.
Está presente nos sonhos
e, também, nos pesadelos
aos quais à noite eu me entrego
para fugir do deserto,
para fugir dos lugares,
para enganar meus pesares.
Ninguém vê, ninguém percebe
a tristeza que me segue.
Esta tristeza infinita,
que me escorre pelos ombros
quando cansada me banho,
e me segura em seus braços
qual um amante devasso
percorrendo, traço a traço,
o meu corpo em abandono.
Sou como a corça ferida,
completamente perdida
em meio à floresta - indefesa,
totalmente derrotada.
Presa fácil, frágil presa.
Por mais que eu corra
é em vão escapar da solidão:
da solidão que me ronda,
da solidão que me sonda,
da solidão tão amarga.