BOÊMIA Bêbadas bacantes, infelizes meretrizes, mal amantes - dionísios mal amadas que, nas frias madrugadas, andam tontas pelas ruas exibindo as carnes nuas na luta estafante e ingrata. Faces brancas, bocas rubras, são qual mariposas assustadas atraídas pelas chamas esvoaçando contentes. No ardor que as impele em direção ao clarão quanta vez, imprevidentes, queimam asas, vão ao chão. Solidão nunca lhes falta apesar da companhia. Ela estira seus tentáculos e comanda o espetáculo na dura disputa bravia, no embate corpo a corpo que reúne macho e fêmea, onde o amor virou blasfêmia e a lei do desconforto ecoa no quarto vazio explodindo em gargalhadas. Gargalhadas que são lágrimas a rolar em fios grossos pelas faces maceradas do casal que ocupa o leito e se une, contrafeito, a chorar os sonhos mortos. HLuna
Enviado por HLuna em 07/09/2007
Alterado em 07/09/2007 |