helenaluna

Versos Diversos

Textos




 


LAMENTO

Eu caminho sem descanso,
e por mais que caminhe, não ando,
pois a pedra em que, agora, tropeço
já a vi, estava ali, na estrada,
assim mesmo empoeirada,
a espreitar-me em mudo espanto.

Olho o céu, olho o chão,
olho o espelho.
Os meus pés são de sangue
                          - vermelhos,
esfolados de andar, tão doridos,
neste longo caminho, perdido,
procurando um amigo, quem sabe,
que me acolha e se apiede,
dividindo o pão comigo
em comum fraternidade.

A minh'alma revoltada
impaciente proclama:
"onde és Tu, que não me amas,
que não Te recordas do pacto
de zelar meu corpo fraco,
e perpetuar nos Teus filhos
Tua luz, insone brilho,
que desce, cresce, se espalha,
reunindo em mesmo prado
a rebanho obediente,
e a ovelha que tresmalha?"

As badaladas são doze,
doze horas se passaram,
mas não mudou o cenário
que persigo solitário,
neste meu sonho medonho,
neste infindável tormento,
sem achar qualquer consolo,
em constante sofrimento.

Submissa minh'alma se dobra,
e, calada, aceita esta prova.



(nov-92)

 
HLuna
Enviado por HLuna em 20/11/2016


Comentários

Site do Escritor criado por Recanto das Letras