RETIRANTE A camisa entreaberta no peito sem botões pra guardar-me o recato, sou apenas um bicho do mato que chegou, inda agora, à cidade procurando um alívio pra fome, a pedir, a implorar caridade. Nas esquinas pedindo eu me humilho estendendo a mão maltratada, pois deixei a mulher e os filhos esperando por mim no roçado sem um grão de feijão, sem o pão, a coçarem as barrigas inchadas. Todo ano se repete essa história angustiante que transforma o Nordestino num eterno retirante, indo... vindo... sem destino, porém sempre esperançado de que um dia a chuva fria caia e deixe o chão molhado. (set-93) Só quem viveu na pele
Esse desterro forçado, Pede a Deus que zele O espírito preservado, Pra não cair no pecado, E tudo se desmantele, Pela fome maltratado... HLuna
Enviado por HLuna em 09/07/2015
Alterado em 10/07/2015 |