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INSÂNIA
 

Andei, vaguei sem destino
por longo tempo sem rumo.
Buscava afogar nos prazeres
o corpo que ardia de sede,
o extremo vazio intestino
que, às vezes, nas noites escuras
assombra, amedronta, estrangula.


Criatura inferior,
governada pelo instinto,
eu me atirava faminto
ao vício tão facilmente,
que nem via à minha frente
o precipício se abrindo.

Que me importava o pudor,
se eu tinha no sexo o amor
pra matar a avidez
que inundava a minha boca,
e a deixava saciada
com o gosto de outras bocas
que, quase sempre, eu comprava.

E assim continuava...
e cada vez mais, me perdia
e, nem por isso, entendia,
que correndo ao meu encontro
o tempo veloz caminhava
diminuindo a distância 
que me separava do fim.

Hoje, já não sei o que sou.
Infeliz, atormentado,
sou um ser repudiado,
que a humanidade condena.
Mas a humanidade é ingrata:
engrandece, fere, mata,
e ri-se na última cena.


(fev-1990)
 
HLuna
Enviado por HLuna em 05/12/2014


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