INSÂNIA Andei, vaguei sem destino por longo tempo sem rumo. Buscava afogar nos prazeres o corpo que ardia de sede, o extremo vazio intestino que, às vezes, nas noites escuras assombra, amedronta, estrangula. Criatura inferior, governada pelo instinto, eu me atirava faminto ao vício tão facilmente, que nem via à minha frente o precipício se abrindo. Que me importava o pudor, se eu tinha no sexo o amor pra matar a avidez que inundava a minha boca, e a deixava saciada com o gosto de outras bocas que, quase sempre, eu comprava. E assim continuava... e cada vez mais, me perdia e, nem por isso, entendia, que correndo ao meu encontro o tempo veloz caminhava diminuindo a distância que me separava do fim. Hoje, já não sei o que sou. Infeliz, atormentado, sou um ser repudiado, que a humanidade condena. Mas a humanidade é ingrata: engrandece, fere, mata, e ri-se na última cena. (fev-1990) HLuna
Enviado por HLuna em 05/12/2014
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