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MURMÚRIOS
 
O tempo me leva sem pena,
sem pena ele me condena
a vagar pelo deserto
onde o sol a céu aberto,
arde, queima, é uma fogueira,
e o vento levanta poeira,
me deixando quase cego.

Loucura, imensa tortura,
me invade, eu não nego,
me sinto perdido no nada,
pois o tempo em disparada
carrega-me junto consigo,
é um feroz inimigo,
não faz mimos, nem perdoa.

Em meus ouvidos ecoa
o seu passo desumano,
como as vagas do oceano,
que vão, que vêm, sem ninguém,
ininterruptamente,
marulhando inconscientes,
dia a dia, hora a hora,
contando, talvez, sua história,
que a mim não interessa.

Tapo os ouvidos, depressa.
   


Inspirado no belo poema "Tempo Após Tempo" de Deley
HLuna
Enviado por HLuna em 23/07/2013
Alterado em 23/07/2013


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