ANTI-HERÓI Não sou herói. Na verdade minhas mãos são de operário: mãos calosas, corajosas, modeladas no trabalho onde ganho com esforço o meu pão, o meu conforto, meio amargo, um tanto escasso. Mas, pra mim, isso me basta. Faz-me rei junto ao meu povo, faz-me rei, aqui, no morro, pois tenho um enxergão por encosto, um quintal... uma caçimba... e, além do mais, as estrelas que iluminam o meu casebre... um violão carcomido que dedilho, comovido, pra acalmar o corpo em febre. Tenho, também, o meu nome que o tormento não consome, sequer a ambição envilece. Durmo as noites bem tranquilo com minha nêga, o meu filho, murmurando minhas preces. Que mais um homem deseja? Não sou herói? ...talvez seja. HLuna
Enviado por HLuna em 18/12/2006
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