COVARDIA
Se eu sei, por que não digo? Por que não abro teus olhos para a vida, aí, à frente que, risonha e indiferente, move os sóis do Universo e a nós abandona dispersos, espalhados pelo mundo como filhos renegados de casais que não se uniram e, ainda, dormem separados? Se eu sei, por que não digo que nem tudo se resume ao odor do teu perfume que esparges, complacente, quando junto a mim te deitas nas madrugadas rosadas, torso nú, olhos ardentes, boca fresca e sequiosa pejada de frutos maduros que me ofertas, generosa? Não digo porque tenho medo de não suportar o teu grito dissonante, alto, aflito, envolto nas sombras da dor. Não digo porque tenho medo de olhar teus olhos puros e vê-los toldados, escuros, despidos de luz e de cor. Não digo porque tenho medo de quebrar nossa amizade. Não digo porque... sou covarde.
HLuna
Enviado por HLuna em 16/11/2006
Alterado em 16/11/2006 |