COVARDIA
Em silêncio me escondo no quarto.
Não tolero o barulho da rua: as buzinas... o povão... as mãos nuas dos mendigos coçando as feridas a clamarem por cama e comida, que não quero ou não posso pagar-lhes. Tenho medo da sanha que impele essa gente que empurra, que fere, e que faz do ingênuo operário um feitor, um mesquinho usurário que exorbita, que brada, que grita, como fosse o Senhor do seu Mestre. Não! Eu não quero misturar-me à gentalha - sou covarde. Toca a marcha insana História: não terei galardões "in memorian".
HLuna
Enviado por HLuna em 23/10/2006
|