GATUNO Vem depressa, vem amor. Já tenho os braços cansados, e meus lábios nacarados, antes macios de beijos, não despertam mais desejos: desde muito estão sem cor. Anda logo, anda amor, pois o tempo é vingativo, é ciumento, é nocivo, corre apressado, ligeiro, é um completo embusteiro, é um infame invasor. Rouba tudo, meu amor, tudo o que deu sem tardança: o clarão da esperança, a luz, o brilho do dia, rouba a tua alegria, rouba a beleza da flor. Não demora, meu amor. Vem antes que o tempo nos roube e que a vida sossobre pelas estradas vazias sem som e sem harmonia, onde impera o dissabor. Te espero, meu amor, para enxugar o meu pranto num doce e terno acalanto, qual prêmio consolador. HLuna
Enviado por HLuna em 02/10/2010
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