ALTER EGO O meu eu onde se esconde? Onde? Onde? Estará escondido na mata contemplando a aurora nascente, ou, acaso, se esconde nas penas daquela coruja cega, muda, esperançada aguardando que a noite a liberte? Já desceu a neblina invisível, tênue máscara que o tempo reveste, mas meus braços atados, cansados, mal têm forças para levantar. Brilha, às vezes, uma luz em surdina longe, longe, além da campina quietamente num silêncio sem peso. Tenho medo de errar o caminho, de ficar sem ninguém, mais sozinho. Tenho medo de ir procurá-lo, tenho medo de não encontrá-lo... o meu eu, que me foge e se esconde. Onde? Onde? . . . Onde? Onde? Posso eu me encontrar, sem beirais pra recostar, sem passos a desfilar. Onde? Onde? Abandonei minhas forças, meus joelhos dobrados, coração apertado neste medo enfadonho, sem a antiga coragem de novos caminhos arriscar. Tudo me parece medonho, na noite me afasto dos sonhos, quem sou eu neste regaço que não consigo descansar. Onde? Onde?... Cássia da Rovare HLuna
Enviado por HLuna em 14/05/2010
Alterado em 15/05/2010 |