NÃO PONHO A COLHER (EC) Neste dia tão cinzento, eu solto no ar meu lamento, porque a noite é sempre escura, pontilhada de amargura, e a lua pura e nua não alcança aquele canto, aquele recanto escondido onde os passos são perdidos - a alma se dobra e soçobra. Assim, também, este corpo, mergulhado em desconforto, tenta encontrar um alento para afastar o tormento que permita ver o dia radiante de alegria. Alegria eu tinha antes quando era jovem o bastante, e olhava a vida com graça. O tempo, porém, ele passa. Levou a graça que eu tinha, agora são, pois, ladainhas que desfio em meu rosário. Mas que papo funerário... Vou mudar depressa o tema e falar, no meu poema, daquilo que bem eu quiser. Vejam só a sopa quente que puseram à minha frente: não, não ponho nela a colher ! Não quero queimar a língua pra depois ficar à mingua sem um socorro qualquer. Ah! Enfim, suei, sofri, porém, graças, eu consegui falar no tema proposto. Foi difícil eu confesso, e perdão até eu peço, digo que não foi por gosto. Foi somente incompetência - pagarei a penitência, mais tarde... à tarde, ao sol posto. . . . Se incompentência tens, Não sei onde a escondeste, Que ela sumiu, como encanto, A que nos desses um tanto Desse talento inconteste Que guardas entre os teus bens. Mario Roberto Guimarães Este texto faz parte do Exercício Criativo - Não Ponha a Colher. Saiba mais, conheça os outros textos: http://encantodasletras.50webs.com/colher.htm HLuna
Enviado por HLuna em 06/11/2009
Alterado em 06/11/2009 |