CINZAS Sinto cinzas amargando em minha boca, amortecendo todo o gosto e a alegria do presente que o passado influencia, do futuro que antevejo triste e pobre. Esse travo, que a boca anestesia, traz de volta o dissabor do desconforto de um tempo que passou e que está morto, que não quero, nem em sonhos, me lembrar. E eu luto e me rebelo esbravejando com um ardor e uma força tão intensas que estremeço no entrave do combate, que enfraquece, debilita e me abate, num espasmo de esperança e recompensa. Mas não vejo resultado imediato do esforço que despendo nessa luta, pois aquilo que pensei ser só saudade transformou-se, transformou-se na verdade, numa ardente, numa intensa, imensa chaga que me queima, lentamente, e não se apaga. HLuna
Enviado por HLuna em 11/10/2008
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